O ensino público na Região da Colônia Abranches se inicia com a construção de uma Escola para atender as Colônias, Abranches e Pilarzinho, que foi mandada construir pela Presidência da Província em março de 1874. Por decreto, em agosto de 1875 o Império do Brasil, através do seu Ministério da Agricultura, contratou o Padre Mariano Grzenski, para capelão e também que o mesmo exercesse a função de professor na Colônia Abranches, com aulas ministradas na própria casa canônica, que para isso se fez construir por conta do erário público. Em maio de 1876 é nomeado pelo Governo para exercer provisoriamente a função de professor primário, Franz Mostko, com a gratificação anual de 800U000 (oitocentos mil reis). Passaram-se muitos professores da Escola Pública, uma vez que o Instituto Vicentino São José, sempre foi, desde a sua fundação em 1904 uma instituição de ensino privado.
A partir de 1933 quando a professora Julinda Lanzer Franco veio transferida de Campo Mourão para a acanhada Escola de duas salas que tinha o pomposo nome de Grupo Escolar Abranches e descobriu que não havia condições de lecionar naquelas instalações, levou os alunos para duas salas no porão da sua própria casa, que ficava na atual Rua Desembargador José Carlos Ribeiro Ribas, imediações da Rua João Kubis. Como o número de alunos só foi crescendo desde então, dona Julinda e sua família foi aumentando o número de salas por conta própria, construindo um grupo novo em madeira, ainda nos anos 60 e finalmente o Governo do Estado construiu as atuais instalações em alvenaria, rebatizando a nova escola que recebeu o nome do patriarca da colonização polonesa no Paraná, a partir dos anos 70 do século XX, Escola Sebastião Saporski, ensino de 1º grau, até o início do século XX quando muda para Colégio Estadual Sebastião Saporski e recebe também o ensino médio.
Quanto à Professora Julinda Lanzer Franco, seu trabalho, amor e dedicação absoluta ao ensino na região por quase 40 anos, a Gazeta do Abranches dedicará uma edição especial a esta verdadeira heroína da educação no Abranches.
Chegamos então ao ano 2020, em plena pandemia da COVID-19 e quando o Governo Estadual instituiu o Programa Colégios Civico-Militares no Estado do Paraná, através da Lei 20.338, de 06 de outubro de 2020, a comunidade escolar do Colégio Sebastião Saporski já se mobilizou em busca da transformação do Colégio, com o intuito de transformar aquilo que já era bom, em melhor ainda, conquistando o direito através de plebiscito aberto à população envolvida na comunidade. Assim, seguindo os critérios determinados na Lei, se escolheu novos diretores, Geral e Cívico-Militar, através de concurso público pela Secretaria Estadual de Educação, estes formaram as suas equipes de trabalho e o Saporski iniciou o ano letivo 2021 em novo formato de ensino.
A Gazeta do Abranches cumprindo com a missão de bem informar à população de sua abrangência compareceu dia 23 de junho próximo passado ao estabelecimento para acompanhar uma “formação de alunos” antes do início das aulas e o encaminhamento destes às respectivas salas, promovendo a seguir uma entrevista com os Diretores, Geral, Professor Luiz Henrique Vieira da Silva, Cívico-Militar, Subtenente Luiz Silvestrini e a Secretária Escolar, Luana Maria de Oliveira Bello, no sistema pingue pongue:
Gazeta: Diretor, como foi o processo seletivo e a preparação para a nova equipe do corpo docente do Colégio, que agora chama-se Colégio Estadual Cívico-Militar Sebastião Saporski?
Diretor: Bem, após a sansão governamental da Lei 20.338, o Estado através dos Núcleos Regionais de Educação, já fez chamamento público para o processo seletivo, dirigido àqueles que desejassem se incorporar nesta nova metodologia. Portanto desde setembro de 2020 os interessados se inscreveram e participaram do processo seletivo, composto de prova de títulos, entrevistas e apresentação de um plano de metas para quatro anos. Após a escolha houve ainda um processo de qualificação para preparar os novos diretores que assumiriam as suas funções a partir do início do ano letivo 2020.
Gazeta: E como foi a escolha dos diretores auxiliares, no caso da diretora pedagógica e o cívico-militar?
Diretor: Aos diretores gerais se outorga o direito de formarem as suas equipes. Aqui, eu após conhecer os currículos que me foram apresentados, optei por escolher a Professora Viviane pela sua excelente formação e identificação com a comunidade escolar do bairro.
Gazeta: O senhor já havia exercido funções de direção em colégios? Como foi esta decisão de encarar o desafio ainda mais em um novo sistema?
Diretor: Não, esta é a minha primeira experiência, mas eu venho de uma família de professores e diretores, estou na terceira geração. Tanto o meu avô materno quanto a minha mãe já exerceram funções análogas, inclusive minha mãe que pouco antes de se aposentar foi diretora por dois mandatos, do Colégio Santa Gemma Galgani, é a minha inspiração profissional.
Gazeta: Qual é a estrutura administrativa após as mudanças para a nova metodologia?
Diretor: A direção do Colégio, a partir de 01 de janeiro de 2021 é assim, eu Diretor Geral, a professora Viviane Bajerski, Diretora Auxiliar/Pedagógica, o Subtenente Luiz Silvestrini, Diretor Cívico-Militar e a Sra. Luana Maria de Oliveira Bello, Secretária Escolar. Os colaboradores do Colégio continuam os mesmos na secretaria e outros serviços, mas o corpo docente recebeu o reforço dos demais militares, a 1º Sargento Ednamar (Policial Feminina Militar), o 3º Sargento Adinir (Bombeiro Militar) e o Cabo R. Silva (Policial Militar).
Gazeta: Como foi o entrosamento com a equipe já existente no colégio e os militares na área pedagógica, dentro do novo método de ensino?
Diretor: Foi interessante porque antes de mim, houve um outro diretor geral por uns 15 dias, mas este não se adaptou e pediu transferência, então aumentou a expectativa, e quando eu cheguei encontrei um clima muito acolhedor. Desde o primeiro dia da minha gestão demonstrei a todos em cada conversa, os propósitos que me tornaram diretor e os colaboradores aceitaram o relacionamento amistoso e profissional proposto. Da mesma forma quando chegou a equipe cívico-militar usamos o mesmo comportamento e hoje posso dizer com segurança que compomos uma família. A família do Colégio Saporski.
Gazeta: Subtenente, como foi a seleção ou formação desse grupo de militares que compõe o corpo docente do Colégio Saporski, hoje?
Subtenente: Foi também por um processo seletivo. Houve um chamamento dentro de um grupo denominado Corpo de Militares Estaduais Inativos Voluntários. Tão logo a Lei 20.338 entrou em vigor, o Governo do Estado, chamou os militares inativos através de editais nos quartéis àqueles que se interessassem por voltar a trabalhar, e a partir daí foi feito também uma rigorosa seleção, desde prova de cursos, aptidão física e até ficha comportamental, extraindo-se desse processo os grupos de militares que comporiam o sistema. Após esta etapa foram todos entrevistados pelo Chefe de Núcleo de Educação, para aprovação final e destinação aos colégios.
Gazeta: Como está sendo a frequência e a aceitação dos alunos com a nova ordem disciplinar?
Subtenente: Por enquanto estão vindo ainda apenas duas turmas pela manhã e duas à tarde, pelas restrições da pandemia, mas a aceitação por parte dos alunos foi acima das expectativas. Quando iniciamos os nossos trabalhos em abril passado, recebemos uma lista de alunos mais arredios, que não compareciam presencialmente e nem vinham buscar tarefas para desenvolver em casa, ou seja, os omissos. A partir dessa lista passamos a telefonar a cada um, falando com os pais e com os próprios alunos a respeito da nossa participação na nova metodologia de ensino. Todos foram além de muito atenciosos no atendimento aos telefonemas e melhor ainda quando passaram a frequentar a escola.
Gazeta: E como está sendo a divisão de tarefas entre os monitores militares e os professores?
Subtenente: Excelente, mesmo porque são funções bem definidas, enquanto a nossa tarefa é a disciplina e segurança de pátio, arredores do Colégio, até a entrada da sala de aula, os professores são os únicos responsáveis pelo interior das salas, pela aplicação das matérias curriculares, estas continuam sendo responsabilidades apenas dos professores concursados. Nós fazemos a formação, como vocês viram aqui hoje, sempre com um Hino pátrio, quando necessário alguma palestra alusiva a uma data cívica ou outra, mas sempre na área externa das salas de aula propriamente dita.
Gazeta: Como já lemos e ouvimos sobre esta nova metodologia, o comportamento passou a ser valorizado, inclusive a apresentação pessoal, como está sendo a aceitação?
Subtenente: Gradativamente estamos implantando o manual do aluno, que eles devem levar para casa e debaterem com os seus familiares, porque ali tem explicado a parte deles, pais e alunos, como o tamanho do cabelo, a ausência de piercing, alargadores e outros adereços, o asseio com o uniforme, de uso obrigatório, isso no interior do Colégio, é claro. O uniforme ainda não foi distribuído porque houve um problema administrativo com a licitação pública e deverá chegar para nós só no final do ano, infelizmente.
Gazeta: E o combate à drogadição, assédio de traficantes e outros maus elementos aos alunos, nas imediações e ou até no interior do Colégio?
Subtenente: Este é um dos objetivos do programa, combater em função da nossa experiência através de palestras preventivas, e a nossa presença já ajuda a inibir, porque nós estaremos atentos aos eventos no interior e exterior do Colégio. Quando no encerramento das aulas por exemplo, nós monitoramos os alunos, principalmente os menores, desde a saída da sala até a entrega aos pais ou responsáveis, com especial atenção à presença de estranhos nas imediações.
Gazeta: Secretária Luana e em relação aos serviços da secretaria, como está o entrosamento e seus resultados?
Secretária: Nossa, com a presença dos monitores militares facilitou muito o nosso trabalho, porque antes, com os professores ocupados no interior das salas de aula, sobrava para nós da secretaria cuidarmos de pátio e corredores, auxiliados pelo nosso monitor de alunos, é claro, mas tínhamos muito serviço que não era administrativo ou curricular e agora nos limitamos a fazer o nosso trabalho. Mesmo tendo aumentado consideravelmente o número de alunos a partir de janeiro, nós estamos dando conta e trabalhando mais felizes.
Gazeta: Como assim, então aumentou o número de procura por vagas para se estudar no Colégio Saporski e o motivo pode ser o novo método de ensino?
Secretária: Sim, foi algo sintomático, bastou se tornar público que nós teríamos este novo método para haver um número muito grande de busca por vagas, desde a série menor, que é o 6º ano do fundamental, até a última, que é o 3º ano do ensino médio. Hoje já estamos com uma lista de espera com mais de 150 nomes para o próximo ano letivo.
Gazeta: Diretor, então como acomodar confortavelmente toda esta demanda? Como está o espaço físico hoje e quais os seus planos para ampliar?
Diretor: Há dias atrás em uma reunião com o chefe de Núcleo e o Secretário Estadual de Educação apresentei o problema, inclusive passando a eles que aqui nós temos espaço físico (terreno) para se construir mais 3 salas de aula e para isso estamos acionando o Assessor do Vereador Mauro Ignácio, Moisés Noronha Correa, o próprio Vereador já esteve nos visitando e além da verba conseguida para reforma da estrutura física atual, mais de R$ 200.000,00, estamos pleiteando uma ação conjunta do vereador com algum Deputado para buscarmos estas verbas necessárias para construção da ampliação, porque se há demanda precisamos solucionar com espaço para acomodar bem os nosso alunos.
Gazeta: Qual o número de membros do corpo docente e discente hoje no Colégio Saporski?
Diretor: Hoje, após este aumento, onde chegamos no limite, temos 712 alunos, nos dois turnos, manhã e tarde, mas temos planos para abrir turmas de ensino profissionalizante e um centro de línguas no contra turno à noite, pelo menos com cursos de inglês e espanhol pelo fator comercial etc e um curso de polonês, pois esta região é o centro geográfico de uma colonização polonesa muito grande e não há cursos dessa língua por aqui. Quanto ao corpo docente fixo temos 36 professores e pessoal administrativo, e agora recebemos este reforço dos 4 militares monitores, o que foi fundamental para que aceitássemos chegar até o limite de ocupação com alunos.
Gazeta: Luana, para encerrar, qual a sua mensagem para a comunidade através do nosso jornal?
Secretária: Olha, depois de muitos anos trabalhando aqui no Colégio, muitas vezes chegando ao limite do sistema nervoso pela sobre carga, onde nós da secretaria e a antiga Diretora, Viviane Bajerski, estávamos sempre na correria para cuidar de tudo, finalmente graças a DEUS e ao Governo que criou esta lei do novo método, agora estamos trabalhando com muito maior produtividade fazendo um trabalho de excelência para os nossos alunos e comunidade em geral. Estamos mais felizes.
Gazeta: Subtenente, sua mensagem de encerramento, por favor.
Subtenente: Para nós que já estávamos inativos, depois de 30 a 35 anos de serviços prestados à sociedade paranaense, termos recebido este convite foi um começar de novo, um revigorar das energias, pois somos todos pais e até avós e estamos sentindo novamente o prazer de ser útil e ajudar a mudar os rumos da sociedade através de uma nova filosofia de relação entre pais, alunos e o colégio. Voltamos a nos sentir jovens idealistas. Muito obrigado à comunidade que nos aceitou tão bem e nos abraçou. Saibam que buscaremos fazer o melhor na formação e proteção dos vossos filhos.
Gazeta: Professor, Luiz Henrique, qual a mensagem do Diretor Geral?
Diretor: Veja, eu que sempre vivi e trabalhei na região, tenho os exemplos do avô e mãe que exerceram funções de direção, como afirmei incialmente, sempre me preparei para uma oportunidade como esta. Estou cheio de projetos para enriquecer o ensino, ampliar o colégio, valorizar ainda mais o papel do Colégio na vida da sociedade, através de um ensino de qualidade e melhor formação às nossas crianças e adolescentes, fechando o ciclo com ensino profissionalizante para preparar também os nossos jovens da região para se lançarem ao mercado de trabalho quando adultos ou buscarem cursar uma faculdade. Para isso precisaremos do apoio irrestrito da comunidade, desde na educação dos seus filhos à cobrança aos políticos e administradores públicos, que invistam na escola e tornemos o ensino do Colégio Estadual Cívico Militar Sebastião Saporski, um ensino de qualidade. Muito obrigado pelo abraço familiar dos funcionários e comunidade em geral, saibam que a porta da sala da direção estará sempre aberta para o diálogo, pois juntos haveremos de construir uma grande obra.
Colaboração: Volnei Lopes da Silva