Embora o Ministério da Saúde ainda não tenha enviado doses da vacina contra a covid-19 para pessoas com comorbidades, Curitiba já está se preparando para esta próxima etapa da imunização,. Ela deve acontecer logo após o encerramento da vacinação dos profissionais de saúde e idosos (60 anos ou mais) e quando houver imunizantes disponíveis para este novo grupo.
Nesta quinta-feira (29/04), a secretária municipal da saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, se reuniu virtualmente com o presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Roberto Yosida, e com o presidente da Unimed Curitiba, Rached Traya, para definir como será feita a comprovação dos pacientes com comorbidades elegíveis para a vacina e que são atendidos pela rede privada.
“Nosso objetivo é já deixar todos informados sobre as regras para esse grupo, para que todos tenham tempo hábil de se preparar”, afirma a secretária.
A estimativa é que o grupo com comorbidades elegíveis para a vacina, de acordo com o previsto pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação, seja composto por 300 mil pessoas de 18 a 59 anos em Curitiba.
“Nós vamos seguir ‘religiosamente’ o plano nacional em relação às comorbidades elegíveis”, afirmou Márcia.
Como vai funcionar
Seguindo orientação do Ministério da Saúde, o grupo das pessoas com comorbidades será vacinado por idade – ou seja, do mais velho para o mais novo. Pacientes com comorbidades que fazem parte do grupo prioritário e são acompanhados pelas unidades de saúde não precisarão apresentar nenhum documento extra.
Já os pacientes acompanhados pela rede privada precisarão apresentar uma declaração do médico que o acompanha, de acordo com o definido em reunião entre a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, CRM-PR e Unimed Curitiba. A declaração modelo será disponibilizada via Portal do CRM-PR para os médicos na próxima semana.
“No início da pandemia, o conselho disponibilizou aos médicos do Estado, via Portal de Serviços, ferramentas para emitir receitas, atestados, declarações e até fazer solicitações de exames via web, com assinatura eletrônica e chave de validação acessada pelo site para confirmar a veracidade dos documentos. Agora estamos nos adequando para possibilitar também a emissão da Declaração de Comorbidades, de acordo com as especificações e doenças indicadas para que o paciente possa receber a vacina contra a covid-19”, explicou Yosida.
O documento será preenchido pelo médico com a indicação da comorbidade que elege o paciente para a vacinação contra a covid-19, conforme as enfermidades previstas no Plano Nacional de Operacionalização de Vacinação do Ministério da Saúde (veja a lista a seguir).
No termo, o médico precisará declarar que o paciente está sob seus cuidados. Por fim, o médico deverá assinalar a veracidade e autenticidade das informações descritas na declaração, sob pena de responsabilização pelo Código de Ética Médica e Código Penal.
A declaração será enviada via e-mail ao paciente, que deverá imprimir e levar junto na hora da vacinação.
Gestantes
As gestantes, em qualquer idade gestacional entre 18 e 59 anos, foram incluídas pelo Ministério da Saúde nesta fase de imunização dos pacientes com comorbidades. Para este público, não será necessário aguardar o critério de idade.
As gestantes que já são acompanhadas pelas unidades de saúde de Curitiba poderão se vacinar assim que iniciar a imunização do público de comorbidades, sem a necessidade de apresentar documentação extra. Já as gestantes acompanhadas pela rede privada precisarão apresentar a declaração do seu médico, que será disponibilizada via Portal do CRM.
As puérperas (mães que tiveram bebê a até 45 dias) seguem a mesma lógica para se enquadrar nos critérios para vacinação contra o covid-19.
A estimativa é que este grupo de gestantes e puérperas seja composto por 35 mil mulheres.
Pessoas com deficiência permanente
O Plano Nacional de Operacionalização do Ministério da Saúde incluiu, nesta mesma fase de imunização, pessoas com deficiência permanente entre 18 e 59 anos e que sejam cadastrados no Benefício de Prestação Continuada (BPC).
A lista de pessoas que se enquadram nesta condição será fornecida pela Fundação de Ação Social às unidades de saúde de Curitiba.
Lista de comorbidades
Veja as comorbidades estipuladas no Plano Nacional de Operacionalização de Vacinação do Ministério da Saúde
– Diabetes mellitus (qualquer indivíduo com diabetes);
– Pneumopatia crônica grave (indivíduos com pneumopatias graves incluindo doença pulmonar obstrutiva crônica, fibrose cística, fibroses pulmonares, pneumoconioses, displasia broncopulmonar e asma grave com uso recorrente de corticoides sistêmicos ou internação prévia por crise asmática).
– Hipertensão Arterial Resistente (pacientes cuja pressão arterial permanece acima das metas recomendadas com o uso de três ou mais anti-hipertensivos de diferentes classes, em doses máximas preconizadas e toleradas, administradas com frequência, dosagem apropriada e comprovada adesão ou com pressão arterial controlada em uso de quatro ou mais fármacos anti-hipertensivos).
– Hipertensão Arterial estágio 3 (pressão arterial sistólica ≥180mmHg e/ou diastólica ≥110mmHg independente da presença de lesão em órgão-alvo ou comorbidade)
– Hipertensão Arterial estágio 1 e 2 com lesão em órgão-alvo e/ou comorbidade (pressão arterial sistólica entre 140 e 179mmHg e/ou diastólica entre 90 e 109mmHg na presença de lesão em órgão-alvo e/ou comorbidade).
– Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida, intermediária ou preservada; em estágios B, C ou D, independente de classe funcional da New York Heart Association
– Cor-pulmonale crônico, hipertensão pulmonar primária ou secundária
– Cardiopatia hipertensiva (hipertrofia ventricular esquerda ou dilatação, sobrecarga atrial e ventricular, disfunção diastólica e/ou sistólica, lesões em outros órgãos-alvo)
– Síndromes coronarianas crônicas (angina pectoris estável, cardiopatia isquêmica, pós-infarto agudo do miocárdio)
– Valvopatias (lesões valvares com repercussão hemodinâmica ou sintomática ou com comprometimento miocárdico)
– Miocardiopatias de quaisquer etiologias ou fenótipos; pericardite crônica; cardiopatia reumática
– Doenças da aorta, dos grandes vasos e fístulas arteriovenosas (aneurismas, dissecções, hematomas da aorta e demais grandes vasos)
– Arritmias cardíacas com importância clínica e/ou cardiopatia associada (fibrilação e flutter atriais; entre outras)
– Cardiopatias congênitas no adulto com repercussão hemodinâmica, crises hipoxêmicas; insuficiência cardíaca; arritmias; comprometimento miocárdico
– Doença cerebrovascular (acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico; ataque isquêmico transitório; demência vascular)
– Doença renal crônica estágio 3 ou mais (taxa de filtração glomerular < 60 ml/min/1,73 m2) e síndrome nefrótica
– Imunossuprimidos (indivíduos transplantados de órgão sólido ou de medula óssea; pessoas vivendo com HIV; doenças reumáticas imunomediadas sistêmicas em atividade e em uso de dose de prednisona ou equivalente > 10 mg/dia ou recebendo pulsoterapia com corticóide e/ou ciclofosfamida; demais indivíduos em uso de imunossupressores ou com imunodeficiências primárias; pacientes oncológicos que realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico nos últimos 6 meses; neoplasias hematológicas).
– Anemia falciforme
– Obesidade mórbida (IMC ≥ 40)
– Síndrome de down (trissomia do cromossomo)
Além desses:
– Gestantes, em qualquer idade gestacional entre 18 e 59 anos
– Pessoas com deficiência permanente entre 18 e 59 anos e que sejam cadastradas no Benefício de Prestação Continuada (BPC)