No ultimo dia 07 de Novembro tivemos as missas das 08:00 e das 10:30 na Igreja de Sant’Ana de Abranches em comemoração aos 148 de fundação do bairro Abranches, bem como a colonização do mesmo, além disso a comunidade pode apreciar a apresentação da primeira imagem de Sant’Ana, imagem essa medindo 22cm. Hoje a mesma está no Museu da Província da Congregação da Missão, que a integrou ao acervo histórico religioso dos Vicentinos.
Sancta Anna – Ora pro nobis
O nome “Ana” vem do hebraico “Hanna” e significa “graça”. Santa Ana era de família descendente do sacerdote Aarão. Ela era esposa de um santo: São Joaquim que, por sua vez, era descendente da família real de Davi. Nesse casamento estava composta a nobreza da qual Maria seria descendente e, posteriormente, Jesus.
Devoção à Santa Ana
A devoção a Santa Ana e São Joaquim é muito antiga. Eles foram cultuados desde o começo do cristianismo. No Ocidente, o culto a Santana remonta ao século VIII. Em 710, as relíquias da avó de Jesus foram levadas de Israel para Constantinopla e, de lá, foram distribuídas para várias igrejas. A maior dessas relíquias ficou na igreja de Sant’Ana, em Durem, Alemanha.
No ano de 1584, o Papa Gregório XIII fixou a data da festa de Sant’Ana em 26 de Julho. Na década de 1960 o Papa Paulo VI juntou a esta data a comemoração de São Joaquim. Por isso, no dia 26 de julho comemora-se também o “Dia dos Avós”.
Aparição de Santa Ana em Auray, na França
Em 1625 um fato extraordinário mudaria o foco da devoção a Santana. No vilarejo de Auray, na França, ela apareceu a um homem chamado Yves Nicolazic. Na aparição Santana disse: “Yves Nicolazic, não temas. Eu sou Ana, mãe de Maria. Dize a teu pároco que neste local da Terra, chamado Bocenno, existia, outrora, uma capela que me era dedicada, e isso, antes mesmo que houvesse qualquer aldeia por aqui. Era a primeira capela erguida em toda a região. Ela foi destruída há 924 anos e seis meses. Desejo que uma nova capela seja erguida neste local, o mais depressa possível, e que cuideis dela, porque Deus quer que eu seja honrada nesta área.”
Yves Nicolazic obedeceu e levou o povo do vilarejo ao local indicado por Santana. Lá, encontraram a antiga imagem, tal qual Santana havia dito. O bispo da diocese de Vannes, Dom Rosmadec, mandou investigar os fatos. Os estudiosos confirmaram tudo que fora anunciado por Santana.
O papa João Paulo II fez uma visita a Auray em 1996. Depois disso, o número de peregrinos subiu para cerca de 800 mil pessoas por ano.
No Brasil a devoção à Sant’Ana chegou por volta do século XVIII, tendo se popularizado através da Bahia e Pernambuco com os colonizadores portugueses. Logo chegou à Minas Gerais que era o centro de consumo de carnes para alimentação dos escravos, mineiros e produtores agrícolas, os quais traziam os produtos do sul do Brasil através dos tropeiros.
O início da devoção no Bairro Abranches
A Região do Bairro Abranches, que no início do século XIX era local de descanso de tropeiros, os quais usavam o antigo Caminho do Assungui, que nascia no atual Largo da Ordem, à época centro comercial de Curitiba e seguia no sentido norte passando pelo atual Município de Cerro Azul e daí seguindo até a Região de Ourinhos/SP, para alcançar os mercados de tropas e gado, faziam pousada fora da Cidade de Curitiba. Chamavam então a nossa região de Campos de Sant’Ana, porque os tropeiros haviam construído uma Capela rústica de adobe e coberta com palmas e capim, devotada à Sant’Ana, para invocarem-na e pedirem proteção às suas esposas e mães que ficavam os esperando em casa.
Quando foi instalada a Colônia Abranches no entorno da rústica Capela de Sant’Ana, com imigrantes islandeses e polacos, dia 11 de novembro
de 1873, além dos caboclos descendentes de portugueses e africanos que já viviam na região deu-se impulso ao culto à Padroeira do lugar.
Os islandeses eram protestantes, mas os novos colonos somados aos polacos que haviam imigrado em 1871 à Colônia Pilarzinho, formaram uma florescente comunidade e a partir de 1874 a capela foi sendo reformada e ampliada, até chegar à construção de uma majestosa igreja, em 1893, sempre sob a proteção de Sant’Ana.
A nova imagem vinda da Europa
Aos 31 de julho de 1904, quando da 4ª Festa de Sant’Ana o Governador Vicente Machado que compareceu com a esposa Helena e grande comitiva, prometeu ao Capelão de Abranches, Padre Leão Niebieszczanski, que traria da sua próxima viagem à Europa uma nova imagem de Sant’Ana, maior, para ser entronizada no altar da comunidade.
Finalmente aos 06 de janeiro de 1906, durante a Festa da Epifania do Senhor, conduzida em procissão liderada pelo Capelão Padre Leão e o povo da região, desde a Catedral no Centro da Cidade, foi entregue à Comunidade da Capela Curada pelo Governador Vicente Machado, sua esposa dona Helena e foi entronizada a nova imagem de Sant’Ana, esta que se encontra no nicho mais alto do altar mor.
A pequena imagem de apenas 22 cm de altura, esculpida em madeira, em estilo barroco mineiro, representando Sant’Ana sentada, catequisando a sua filha Maria, ainda criança, a qual tem idade e estilos aproximados do século XVIII, foi guardada na sacristia, até que o antigo pároco Padre Jan Piton a recolhesse mantendo consigo a guarda, por conhecer o valor artístico e religioso da imagem, mas ao retornar definitivamente à sua pátria, Polônia, em 1985, transferiu a custódia ao Pe. Lourenço Biernaski, curador do Museu da Província da Congregação da Missão, que a integrou ao acervo histórico religioso dos Vicentinos.
O nosso já saudoso, Padre Lourenço Biernaski, vinha preparando esta apresentação da imagem original encontrada na Colônia Abranches, à nossa comunidade paroquial em uma solenidade quando de alguma data significativa, mas como o
Senhor o chamou antes de realizar o desejo, coube ao nosso Pároco, Padre Carlos Luiz Bacheladenski, a solene missão deste ato.
Colaboração do historiador, Volnei Lopes da Silva, da pesquisa realizada para os 150 anos da imigração polonesa no Paraná, sob orientação do Pe. Lourenço Biernaski.
Padre Carlos Luiz Bacheladenski CM Curitiba, 07 de novembro de 2021
Galeria de fotos da missa do dia 07/11/2021: