PILARZINHO COMEMOROU O 151º ANIVERSÁRIO DA IMIGRAÇÃO POLONESA NO PARANÁ

Procissão de entrada com o ícone de Nossa Senhora de Czestochowa e bandeiras. Foto Daniel Castellano

O Núcleo BRASPOL do Pilarzinho organizou, no último dia 30 de setembro, uma importante comemoração dos 151 anos do início da imigração polonesa no Paraná, a qual teve seu marco inicial na antiga Colônia Pilarzinho, reunindo em torno da etnia polaca os vários segmentos étnicos que contribuíram com o pujante Bairro Pilarzinho atualmente.

A celebração teve início com o emocionante soar dos sinos da Igreja Matriz São Marcos, às 19h30, e, a partir de então o chefe do cerimonial, Lourival Araújo Filho, fez uma explanação sobre o ato resumindo a história da imigração polaca no Pilarzinho.

“No final do século XIX, um grupo de 34 famílias de poloneses que haviam imigrado da sua Polônia, dividida e ocupada pelos Reinos da Prússia, Rússia e Império Austro-Húngaro, instalados anteriormente na Região de Brusque, Santa Catarina, nos anos de 1869, 1870 e 1871, por estarem insatisfeitos com a situação por lá, se apoiaram nas lideranças de Sebastião Edmundo WosSaporski e do Padre AntonioZielinski em busca de solução. Esses dois senhores, então, através de contatos com os governos do Império do Brasil e da Província do Paraná, conseguiram condições favoráveis para promoverem a transmigração destas famílias para a então Colônia do Pilarzinho, criada com esta denominação em 1870.

Ao chegarem à capital da província, seguiram pelas então Rua América, hoje Trajano Reis, e a Estrada do Pilarzinho, atuais Rua Desembargador Benvindo Valente, Avenida Desembargador Hugo Simas, até o encontro desta com a Rua Raposo Tavares e dali se espraiando até a margem esquerda do Rio Barigui.

Assim, Sebastião Edmundo WosSaporski guiou o seu povo a esta bela cidade e hoje podemos dizer com todas as letras que Curitiba é também polaca e o Pilarzinho é o bairro de todos os povos, que aqui são acolhidos como aprendemos com a nossa pátria mãe, Polônia, que sempre está de braços abertos para acolher aos imigrantes.

Autoridades e assembleia prestigiando atenta o evento. Foto Daniel Castellano.

As famílias de Fabian Barcik, GrzegorzHyla, Bernard Fila, Baltazar Gbur, KasperGbur, Baltazar Gebza, LeopoldJeleń, Stefan Kachel, AntoniKania, FranciszekKania, AndrzejKawicki, MarcinKempka, Filip Kokot, BłażejMacioszek, Szymon Otto, Walenty Otto, AndrzejPampuch, WincentyPampuch, BonawenturaPolak, FranciszekPolak, PawełPolak, MarcinPrudlik, MichałPrudło, JózefPurkot, JózefSkroch, Dominik Stempka, TomaszSzajnowski, TomaszSzymański, SzymonPurkot, August Waldera, Walenty Weber, MikołajWoś, IgnacyMiłek, JakubNalewaja aqui chegaram a partir do dia 30 de setembro. Durante o mês de outubro de 1871, e seguintes, foram se instalando em terras cedidas pela Câmara Municipal de Curitiba no Pilarzinho, até que fossem sendo distribuídos posteriormente ao então Quarteirão do Paiva, atuais Bairros Campina do Siqueira e Bigorrilho, pelo Mercês e outros rocios nos arrabaldes da capital.

Embora saibamos que não foi apenas aqui que estes pioneiros chegaram, somos gratos à Paróquia São Marcos, através do seu Pároco, Padre Mauro Zandoná, por permitir que aqui tornemos o marco das nossas homenagens aos pioneiros, pois o povo polonês de origem católica sempre teve a Igreja como o seu ponto de apoio e referencial.

Com o final da II Guerra Mundial, outra leva de famílias de polacos que haviam sido levados para campos de trabalhos forçados na Alemanha, com o auxílio da Cruz Vermelha Internacional, peregrinaram pelos Estados de São Paulo e Minas Gerais até que viessem se instalar em Curitiba, por conta própria e com muito sacrifício, no Bairro Pilarzinho, durante os anos de 1948 a 1951, na região hoje conhecida como Vila dos Imigrantes.

Estas 23 famílias juntamente com as famílias de ucranianos, russos e alemães eram formadas por casais com filhos pequenos e pouca qualificação profissional. Na realidade, eram parte daqueles imigrantes rejeitados pelas grandes potências que não aceitavam exilados com crianças e sem profissões definidas. Mas, o Brasil foi o único país que os recebeu de braços abertos e Curitiba foi a sua nova Jerusalém.

Prestamos aqui as nossas homenagens também aos familiares de Jan Pietras, Wiktor Baran, Jan Steckowicz, Jan Mik, Stanislaw Wozniak, Stefan Kapusta, WladislauTomaszewski, Stanislaw Pawlik, AntoniMireck, MichalStepniowski, Marian Szuba, Jan Matula, Roman Rzepkowski, MarcinPawlowski, Stefan Ratajczak, WaclawCiurzynski.

Irmã Alice Bartoski, SMI e as crianças Milena e Isadora Dzioba Schwartz. Foto Daniel Castellano.

O importante na história destes 151 anos da presença polonesa no Bairro Pilarzinho, é que aqui os descendentes de tantas etnias que foram se instalando posteriormente, formaram este pujante bairro da nossa encantadora Curitiba.

Por isso, hoje o Núcleo BRASPOL do Pilarzinho, com apoio decisivo do Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba, da Prefeitura Municipal de Curitiba, da Câmara de Vereadores e de entidades da Igreja Católica Apostólica Romana e da Igreja Ucraniana Católica, homenageia toda a comunidade ordeira e progressista que forma esta região.

Por meio do marco erigido em 30 de setembro de 2021, em formato de folha de erva mate, prestamos tributo à todas as famílias primevas e seus descendentes. Esta rocha ali ao lado deste Templo, simboliza as virtudes e a resistência do povo migrante”.  

Em seguida o mestre de cerimônias, Lourival Araújo Filho convidou alguns expoentes das etnias que contribuíram com a ocupação demográfica e progresso da região, para que cada um apresentasse o seu ponto de vista sobre a história do bairro integrada à participação dos polacos ao longo dos 151 anos.

Lourival Araujo Filho chefe do cerimonial teve papel importante na organização do evento. Foto Daniel Castallano.

O Professor Aimoré Índio do Brasil Arantes, representante das etnias indígenas, portuguesa e africana, fez um emotivo relato da sua infância, juventude e até a fase adulta vivida no Pilarzinho, onde constituiu família e após formarem-se na cadeira de história tanto ele como a esposa Joceli de Fatima Tomio Arantes, lecionaram em escolas do bairro.

Também valorizou professoras e colaboradores das escolas por onde estudou no Pilarzinho citando entre elas a dona Rosa FirakovskiMelek, JosephaProdlik, Valéria BurzinskiMelek e a dona Maria Ferreira, e em uma demonstração de boa memória o Professor Aimoré citou até os nomes e ou sobrenomes de vários dos seus colegas dos anos 70, como os “Kowalski, Wille, Lacerda, Basso, Machado, Pilatti, Polak, Quadro, De Conto, Freitas, Gava, Chequin, Ferreira, Wollf, Antoniacomi, Pedri, Teleginski, Gasparin, Souza, Baroni, Camargo, Costa, Mocelin, Kulicz, Bieda, Joly, Bollauf, Tieppo, Stalmachuk, Semicek, Otto, Gabardo, Krczynosky, Perussi, Marques, Andreassa, Costa, Pacheco, Chultz, Prodlik, Sowek, Barbosa, Oliveira, Morais, Ruppel, Oro, Sartori, Santos, Galvão, Jungles, Gonçalves, Bento, Lara, Lunardon, Soares, Barbosa, Cruz, Surugi, Todesco, Ribas, Cruz, Bruschz, Andrade, Vidal, Corrêa, Lima, Fabris, Lara, Manikowski, Domingos, Carvalho, Assunção, Pampuch, Scholotag, Dreschasler, Scandelari e Moraes”.  

Fechou então a sua participação presenteando a Senhora Cônsul da República da Polônia, Marta Olkowska, com dois livros de sua coautoria:  “Trilhas, caminhos e estradas no Paraná”,e,“Missões: conquistando almas e território”. 

Prosseguindo, foi dada a palavra ao Senhor João Carlos Hey, descendente de uma das primeiras famílias de alemães que migraram para a região em 1856, e bisneto de PhilippHey, que transportou desde Antonina ao Pilarzinho a primeira família polaca, em 30 setembro de 1871.   

Sou descendente de alemães e piá do Pilarzinho antigo. De fato, quando fui dado à luz, o Pilarzinho começava nos muros do Cemitério Municipal. Depois de alterações no zoneamento da Cidade, teve o seu segmento inicial repartido entre o São Francisco, Bom Retiro, Mercês e Vista Alegre, de modo que o Pilarzinho de hoje inicia após a antiga Fazenda Schaffer, já na confluência da Avenida Des. Hugo Simas com a Rua Cláudio Manoel da Costa.

Nas minhas veias corre o sangue de quatro famílias de origem germânica: Hey, Rauscher, Rissmann e Einsenhut. Das três primeiras há vários descendentes aqui na região. Entretanto vou me limitar a falar um pouco dos Hey, disse João Carlos.

Felipe, o meu bisavô, fixou domicílio logo no início do Pilarzinho, num terreno cortado pela então Estrada do Pilarzinho, hoje final da Rua Des. Benvindo Valente e início da Avenida Des. Hugo Simas, e que mais tarde também foi rasgado pela Rua Albino Silva e Rua Dr. Roberto Barrozo. Calculo cerca de alqueire e meio de terra. Em 1911, vendeu um pedaço da chácara para a Prefeitura ampliar o Cemitério Municipal”.

Em sua peroração João Carlos apresentou uma verdadeira aula de história do bairro e da cidade, e nós da Gazeta do Abranches prometemos publicar nas próximas edições.

Outro filho do Pilarzinho, neto das famílias italianas que chegaram a partir de 1880, os Fior, que hoje tem o sobrenome Flor por mutações de cartório, também fez uma belíssima apresentação da sua saga na região onde vive desde que nasceu.

Representantes das várias etnias que formam o Bairro do Pilarzinho. Foto Daniel Castellano.

Nossa justa homenagem pela comemoração dos 151 anos da chegada dos imigrantes poloneses nesse querido chão em que vivemos e a nossa gratidão por tudo o que esses desbravadores fizerem pela região.

Na qualidade de descendente de italianos e muito honrado pelo convite importante, quero relembrar a contribuição desta etnia para o bairro.

Os italianos chegaram ao Brasil alguns anos depois dos poloneses, por volta do final da década de 1870, vindos do norte da Itália, das regiões do Vêneto e Treviso. O grupo que desembarcou no Paraná, permaneceu em Paranaguá, Morretes e Antonina, por algum tempo.

Depois, subiram a serra vindo para Curitiba e formando suas colônias, a maior delas Santa Felicidade, e o nosso bairro também foi escolhido por muitas dessas famílias.

Dentre as quais podemos citar: Basso, Bruzamolin, Deconto, Delazzari, Flor, Fiori, Gusso, Gava, Gasparim, Lunardon, Lago, Muraro, Pilatti, Perrini, Scandelari, Straioto, Stival, Vigo, Zeni, Zen, Zandoná e mais umas dezenas deles.  

Os italianos e os poloneses possuem culturas e tradições diferentes, mas existe um fator que os aproxima e os identifica, a forte religiosidade católica, alimentada por uma fé inquebrantável, que jamais os deixou perder a esperança de um futuro melhor para seus filhos.

O entrelaçamento dessas etnias, representa a grande riqueza na formação do povo do Paraná, e, por conseguinte do Pilarzinho, conforme podemos testemunhar olhando para a geração atual.

Na família Flor, de origem italiana, a qual pertenço, este entrelaçamento de etnias está presente, com os casamentos de descentes de italianos com poloneses, portugueses e alemães. Do ramo dos poloneses, por exemplo, tenho tias e tios das famílias Kovaleski, Gbur e Polak.

Finalizou a sua fala o Dr. João Carlos, aludindo:“em meu nome e dos descendentes italianos, eu quero deixar registrada a nossa gratidão por todos esses heróis das diversas etnias citadas, que deixaram suas marcas e seus legados, pois sem essa contribuição, o bairro do Pilarzinho não atingiria o grau de desenvolvimento em que se encontra atualmente.

Honremos sempre a memória desses nossos antepassados, elevando nossas orações para que Deus os receba na glória do Reino dos Céus”.

Houve também uma importante participação da comunidade ucraniana no evento, com o presidente da comunidade desta etnia nos Bairros Pilarzinho, Abranches, Barreirinha, Santa Cândida e Almirante Tamandaré, AntonioKulitch, fazendo uma saudação à comunidade polaca de Curitiba, lembrando da ajuda recebida da República da Polônia, ao tempo que a freira católica ucraniana, Irmã Alice Bartoski, SMI, e as pequenas irmãs, lindamente trajadas de gala, Milena e Isadora Dzioba Schwartz, depositaram um lindo arranjo de flores aos pés do ícone de Nossa Senhora de Czestochowa, diante do presbitério.             

Disse ainda o Senhor AntonioKulitch: “é com imensa satisfação que a comunidade ucraniana da Igreja Sagrado Coração de Jesus, do Abranches, recebeu o convite para participar desta celebração e solenidade tão importante para todos nós, a comemoração dos 151 anos da chegada dos primeiros imigrantes poloneses ao Paraná, pois somos descendentes de ucranianos e também de poloneses, em nossa grande maioria.

Representantes da etnia ucraniana, Antonio Kulitch e sua esposa Irene agraciando a Cônsul Marta Olkowska. Foto Daniel Castellano.

A nossa igreja completou 50 anos de fundação em 2020 e comemorou seu jubileu de Ouro, neste ano de 2022, e numa grande integração e marcando a nossa história, tivemos a presença do Coral da Comunidade da Paróquia Sant´Ana do Abranches, na celebração da Santa Missa com o padre Carlos, consolidando a união das nossas etnias”.

Encerrou a sua fala convidando a Senhora Marta Olkowska, Cônsul da República da Polônia para receber um mimo da comunidade católica ucraniana da região norte.

Ao receber o microfone e solicitado a transmitir umas palavras ao ato, de improviso, mostrando a sua larga experiência e domínio da matéria, o Vereador Mauro Ignacio, em nome da Câmara Municipal de Curitiba, citou as contribuições do valioso povo que colonizou e segue habitando estas terras da região, reiterando o papel do Legislativo Municipal, sempre atendendo os pleitos dos munícipes em suas necessidades.

Finalizando o momento protocolar de homenagens e agradecimentos a Senhora Marilia Regina ManikowskiPietruk, Presidente do Núcleo BRASPOL do Pilarzindo, que organizou o evento, agradeceu reiteradas vezes a todas as pessoas envolvidas que contribuíram com o sucesso da festa social e religiosa na comemoração de tão importante data.

Lembrando o quanto tem sido importante para o sucesso dos eventos coordenados pela sua gestão, as parcerias com o Grupo Folclórico Wawel, da Colônia Murici, Grupo Folclórico Wisla da Sociedade Marechal Pisuldski de Curitiba, Casa de Cultura Polônia Brasil de Curitiba, o apoio cultural do Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba e da Paróquia São Marcos, além do apoio logístico da Administração da Regional Boa Vista e Câmara Municipal de Curitiba.

A Presidente do Núcleo BRASPOL do Pilarzinho Marilia Pietruk homenageia a Senhora Cônsul com um lindo arranjo de flores. Foto Daniel Castellano.

E finalmente chegou o momento da celebração religiosa, com os jovens Gabrielle e Mateus portando o ícone de Nossa Senhora de Czestochowa, padroeira da Polônia,o casal Ademar Perrini e Jucimara Regina, portando o Pavilhão Nacional,a senhora Ana Laura Wedderhoffe e seu filho Alfredo Kurowsky Neto, a bandeira da República da Polônia,o casal Bernardo Polak e Eunice Sartori, a bandeira do Estado do Paraná, e o Vereador Mauro Ignacio e sua esposa Esterina portando a bandeira do Município de Curitiba, integraram-se na procissão de entrada para o início da liturgia.

Vereador Mauro Ignacio representando a Câmara Municipal fez importante saudação alusiva ao evento. Foto Daniel Castellano.

A Santa Missa a seguir, foi presidida pelo pároco da Paróquia São Marcos e concelebrada pelos padres, Simão Valenga, Carlos Luiz Bacheladenski, Teodoro Hanicz e Francisco de Assis dos Anjos, com a participação litúrgica dos acólitos do Pilarzinho e Igreja Sant’Ana de Abranches, diácono Antonio Alves Pereira e o Coral Sant’Ana de Abranches, nos cantos litúrgicos.

Após a liturgia o Padre Teodoro Hanicz fez bela peroração agradecendo aos organizadores em nome da comunidade católica ucraniana, pelo convite para concelebrar a Liturgia, revelando que se emocionou, porque na verdade corre em suas veias também uma percentagem de sangue polaco, além do ucraniano.

Por sua vez, logo após a senhora Marta Olkowska, Cônsul Geral da República da Polônia em Curitiba, fez um bonito agradecimento a todos os presentes e organizadores do evento, lembrando o quanto é importante se manter viva a cultura polonesa com celebrações como esta.

Participação de vários padres concelebrantes, acolitados por jovens do Abranches e Pilarzinho. Foto Daniel Castellano.

Colaboração: Volnei Lopes da Silva, historiador

Fotos: Daniel Castellano

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