Curitiba (PR) — A possível ampliação do binário Mateus Leme x Nilo Peçanha tem gerado ampla repercussão entre os moradores do bairro Abranches. O projeto, atualmente em fase de estudos pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), prevê uma terceira etapa do sistema viário, o que tem causado apreensão na comunidade local devido aos impactos previstos.
A proposta foi tema central da última reunião do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Abranches, que reuniu mais de 170 moradores. O aumento do tráfego na região, impulsionado pela construção de novos condomínios nos bairros vizinhos e em cidades da Região Metropolitana, tem agravado os congestionamentos, especialmente nos horários de pico.
Conforme os estudos preliminares do Ippuc, a rua Mateus Leme deverá ser convertida em via de mão única no sentido bairro, a partir do cruzamento com a rua João Gava até a rua Vitório João Brunor. O retorno no sentido centro ocorreria pela própria rua Vitório João Brunor, que passaria a contar com um novo traçado ao lado da Igreja Sant’Ana de Abranches, uma das mais antigas da cidade. O plano inclui a construção de uma ponte ligando a rua Vitório João Brunor à João Enéas de Sá, alcançando a Nilo Peçanha.
No entanto, a proposta prevê desapropriações que preocupam a comunidade. Dois estabelecimentos comerciais tradicionais seriam removidos, além da perda de parte do estacionamento do salão paroquial da Igreja Sant’Ana. Fiéis e moradores temem que o novo tráfego intenso, incluindo ônibus biarticulados e caminhões, comprometa a estrutura do templo, cuja construção antiga não oferece suporte adequado a trepidações constantes.
Outro ponto sensível é a presença de salas de catequese ao lado da via projetada, onde crianças participam de atividades nos fins de semana. Os moradores da rua Vitório João Brunor também podem ser afetados com alargamentos e desapropriações residenciais.
Diante da situação, Conseg Abranches, lideranças locais, representantes da Igreja, comerciantes e o vereador Leonidas Dias têm buscado alternativas ao traçado atual. Uma das sugestões é o alargamento da própria rua Mateus Leme, com a criação de faixas duplas em ambos os sentidos, o que poderia minimizar os impactos urbanos.
O Ippuc se comprometeu a realizar uma audiência pública para apresentar o projeto e discutir com a comunidade eventuais ajustes que possam atender à necessidade de mobilidade urbana, sem comprometer o patrimônio histórico e o bem-estar dos moradores.