O MOINHO DA FAMÍLIA WEIGERT

moinho 2014

Para quem segue da capital em direção à Tamandaré utilizando o caminho histórico, o antigo moinho encontra-se na altura da ponte do Taboão à direita. A edificação faz parte de um complexo de antigas casas e pequenos comércios cujos remanescentes arquitetônicos delimitam o panorama preservado, integrados ao meio natural.
A porção de terra onde foi instalado o moinho de milho passou para Carlos Weigert após a doação feita pelos seus pais e irmãos no dia 30 de setembro de 1895, conforme consta no Livro de Registros de Terras da Paróquia de Curitiba, arquivado no Departamento Estadual de Arquivo Público sob o número PB 038 – rt 6, página 128, registro número 2.8968 . Ele já residia na região, pois consta como domiciliado no Distrito de São Casemiro do Taboão. Esta porção de terra deveria fazer parte de uma grande área pertencente ao seu pai, Guilherme, que era o proprietário de um engenho de serra na região do atual bairro Santa Cândida. Os registros existentes no Arquivo Público do Paraná atestam a existência de cinco propriedades em nome dos filhos do imigrante, por eles compradas ou recebidas em doação. O mais velho, Guilherme Weigert Junior, adquiriu a propriedade no quarteirão da “Cachoeira” em setembro de 1895. Germano, comprou dois lotes no mesmo quarteirão em 1895, sendo um deles adquirido de seus pais. O terreno de Paulo, também no distrito de São Casemiro do Taboão, adquirido em outubro de 1893, faz confronto com o de Germano e nele constam como “benfeitorias casa, moinho, olaria e terrenos todo cercado”. O terreno doado a Carlos confronta-se com o de Paulo, com João Baptista dos Santos e com a estrada que vai para Tamandaré. Ainda não aparecem registros da existência do moinho, somente terrenos de pastagem.
Os moinhos de milho e trigo eram fundamentais para a subsistência da população até meados do século XX. Necessitavam de algum tipo de força motriz, geralmente a água. Moinhos maiores, como o do Taboão, contavam com a água corrente do rio, garantindo o funcionamento contínuo, mas havia outras tipologias que armazenavam a água em tanques e que acionavam as rodas d`água em alguns períodos do dia. Além de moer grãos, serviam também para gerar energia elétrica, utilizada pelos próprios proprietários e para carregar baterias para fins diversos. Algumas pessoas possuíam também monjolos, pequenos engenhos de farinha de milho biju, uma herança indígena (KOTOVISKI, 2013, P. 345).
O moinho de Carlos Weigert já existia em 1901, quando foi referenciado em um despacho do Secretário de Finanças ao Agente Fiscal de Tamandaré, em resposta às questões relacionadas aos tributos feitas pelo contribuinte e proprietário do estabelecimento, em 30 de julho daquele ano e publicado no jornal “A República de 24 de agosto de 1901”. Tudo leva a crer que tenha sido construído entre 1895 e 1900. O registro de propriedade mais antigo encontra-se arquivado na 1ª Circunscrição da Comarca de Curitiba
O adquirente indicado erroneamente, foi Germano Weigert Sobrinho do espólio de Carlos Weigert em 4 de outubro de 1933, reservando o usufruto à viúva. Na sequência consta a retificação feita em 10 de março de 1944, em nome de Germano Rodolpho Weigert, quem realmente manteve aberto o empreendimento durante toda a sua vida, passando-o ao seu filho Waldemar Carlos Weigert, responsável pelo fechamento em 1969.
Na planta do pavimento térreo está presente a grande roda externa, com aproximadamente quatro metros de diâmetro, se conectando com as engrenagens internas; em projeção estão alguns dos eixos que transmitiam a força.
No pavimento superior, os dois círculos representados são as pedras de moagem, que foram preservadas em seu local original. A escada de acesso em madeira permanece a mesma. Dos demais maquinários representados, apenas os dois menores permanecem no local, um deles no ambiente das pedras de moagem.
No fim da década de 1970, com o falecimento de Germano Rodolfo Weigert, a propriedade quase foi vendida por suas filhas, Hilda e Izoldy. Graças à dedicação de Wilson e Wilmar, filhos de Waldemar Carlos Weigert, apenas o equivalente a aproximadamente dois terços do total foi vendido. A porção mantida foi dividida entre eles e a irmã, Wilcélia, transformando o local em “Condomínio do Barigui”.

 

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