FRAGMENTOS DA HISTORIA DA COLÔNIA ABRANCHES VI

Pe. Paulo Warkocz, Pe. Ludovico Bronny; Dom João Francisco Braga, Pe. José J. Góral, Pe. Sivestre Kandora e Pe. João Palka

Cronologia: Em 1908 assume o Pe. Ludovico Bronny e reestrutura pastoralmente as colônias sob sua jurisdição. Agosto de 1910, morre afogado em sua chácara na Colônia Abranches o islandês Josef Jhonson. Esta família era uma daquelas cinco que ocuparam os lotes destinados aos emigrantes expontâneos a partir de novembro de 1873. 1911 assume a Capelania Curada da Colônia Abranches o Pe. Francisco Miensopust. 1915 marca a posse do Pe. Felix Dejewski que fica até 1916 quando assume o Pe. Francisco Komander que por sua vez em 1921 transfere o pastoreio do rebanho das colônias subordinadas à Capela Curada de Sant’Ana de Abranches ao Pe. José Joaquim Góral que foi o mais longevo pastor do rebanho das colônias subordinadas à Colônia Abranches.

Na Sociedade Abranches foi criado em 1921, um grêmio feminino, integrado exclusivamente por jovens associadas, cujo nome em polonês, era “Towarzystowo Polek Krolowei Jadwigi” que em tradução livre seria “Sociedade das mulheres polonesas Rainha Jadwiga”. A primeira presidente foi a jovem Maria Bunik que liderou por muitos anos este grêmio, verdadeiro auxiliar da diretoria na ornamentação e toque feminino nas promoções sociais, embora tivesse autonomia administrativa.

Pe. José Joaquim Góral que assumiu o pastoreio da comunidade de Abranches, dia 15 de abril de 1921, se caracterizou como empreendedor organizado e pastor zeloso do rebanho, fazendo crescer a olhos vistos o movimento na Capela Curada sob sua jurisdição, tanto que Dom Euzébio da Motta, Bispo Diocesano convenceu-se a elevar a Capelania ao status de Paróquia em 1936, de acordo com a publicação que encontramos. “…. Pela presente, atendendo à necessidade de um serviço paroquial e de acordo com as prescrições do direito canônico, havemos por bem elevar à categoria de Freguesia a Capela Sant’Ana de Abranches. Elevamos à categoria de Matriz a respectiva Igreja, devendo a mesma possuir tudo que se exige e é necessário para uma Matriz.

Dada e passada nesta cidade de Curitiba sob o nosso signal e selo de nossas mãos, aos 15 de dezembro de 1936.” Assina: D. Áttico Arcebispo Metropolitano.

Logo a seguir, dia 10 de janeiro de 1937, Dom Áttico nomeou o primeiro Conselho da Igreja Sant’Ana de Abranches composto dos seguintes paroquianos: Isidoro Dunayski, Inacio Grzybowski, Pedro Kaminski e Paulo Szulca como conselheiros e Alexandre Choinski como tesoureiro.

É riquíssima a biografia deste autêntico “filho” de São Vicente de Paulo como trabalhador junto aos mais pobres, construtor de igrejas e outros imóveis em prol da formação cristã dos membros das comunidades por onde esteve. Para fazer justiça ao Padre José Joaquim Góral, registramos algumas de suas obras:

21-09-1941 Carro oficial do Interventor Manoel Ribas ao lado da Praça da Igreja Matriz – Acervo Particular Colégio Vicentino São José

Ainda antes de assumir a Comunidade de Abranches, fundou o jornal polonês “LUD” dia 02 de outubro de 1920, o qual teve mais de meio século de circulação mensal, e era impresso na gráfica da Congregação Vicentina, gráfica esta, também fundada por ele nos fundos do imóvel da Província e Paróquia São Vicente de Paulo na Av. Jaime Reis.

Por ocasião da comemoração do Jubileu de Ouro da fundação da Colônia Abranches, houve festa solene dia 21 de outubro de 1923, e antes da Santa Missa houve a bênção da nova cerca no entorno da Igreja Matriz pelos padres, José Joaquim Góral, Paulo Warcocz e João Rywetkes que participaram da celebração da Missa Solene. Neste mesmo ano foi construída a Capela de São Miguel na Colônia Lamenha, que pertencia à Igreja Sant’Ana de Abranches.

Reformou a Igreja Matriz ampliando-a no presbitério e sacristias e construindo as naves laterais,  tendo estas reformas da Igreja Matriz recebido a bênção diocesana de D. Euzébio da Motta dia 08 de junho de 1941 por ocasião de sua visita à Paróquia para a administração do Sacramento da Crisma à 274 pessoas.

Liderou a construção de Capelas sob a jurisdição da nova Paróquia. Foi criador e diretor espiritual de vários movimentos religiosos que após a nova orientação pós Concílio Vaticano II alguns se tornaram Pastorais. Durante o seu período de administrador paroquial além da manutenção dos movimentos já existentes, criou a Congregação Mariana em 28 de fevereiro de 1938, responsável pelo desenvolvimento da reza do Santo Terço e devoção da fidelidade à Nossa Senhora, criou o Apostolado da Oração em 31 de outubro de 1942, o qual tem por princípios a oração pelos enfermos, por aflitos espirituais, cristãos desamparados e consolo à órfãos e viúvas.

Com seu dinamismo o Padre Góral reuniu pessoas e recursos suficientes para se construir o principal edifício do Colégio Vicentino São José durante os anos 40, envolvendo até o Interventor Federal Manoel Ribas que contribuiu e muito com o orçamento do estado e visitou pessoalmente a Sociedade, a Igreja Matriz e o Colégio em 21 de setembro de 1941 para acompanhar o andamento das obras.

O jornal Diário do Paraná, dia 26 de julho de 1946 trazia a seguinte nota sobre a festa de Sant’Ana na Paróquia de Abranches: “Promovida por um numeroso grupo de festeiros, realizar-se-á hoje, no arrabalde de Abranches, tradicional festa de Sant’Anna.

O programa dessa movimentada festividade, que de anos movimenta grande número de fiéis, constará de Missa Solene, celebrada pelo venerando e benquisto pároco local, padre Goral e de procissão. Ao meio dia haverá suculenta churrascada no aprazível bosque da Sociedade Abranches, seguindo-se depois o leilão de prendas, roda da fortuna e outras surpresas.

Nos salões da Sociedade, será levado a efeito finalmente, um sarau dansante, movimentado por afinado jazz.”

Em 1949 é criado o Movimento das Capelinhas, ou Mensageiras de Maria, com o objetivo de levar a devoção à Maria através das famílias, embora fossem poucas e o trabalho árduo foi profícuo, fazendo o movimento crescer constantemente graças ao zelo propulsor das fundadoras. Os territórios, da Matriz e das Capelas foram divididos em setores e encarregadas “Mensageiras” específicas para cada setor que após formação tinham sob sua responsabilidade levar a mensagem de Maria às famílias.

Graças ao seu trabalho pastoral motivou o paroquiano, senhor Francisco Golzinski a doar para a Igreja Matriz os quarenta bancos de imbuia ainda hoje usados na igreja, em 1950. Não era comum as igrejas até meados do século XX possuírem bancos para acomodar os fiéis, participando estes das celebrações, em pé, como sacrifício e fortalecimento da fé, reservando-se apenas algumas cadeiras e pequenas banquetas para idosos e enfermos.

São de sua lavra os compêndios de 1922, “Zasady pisonwni polskiej – Fundamentos da escrita polonesa” e em 1931, o “Rozmówki POlsko-Portugalskie – Conversações polono-português”, e a “Gramatyka jezyka portugalskiego – Gramática da língua portuguesa” e Gramática da língua polonesa para os brasileiros, em 1953.

Como literato, as suas obras mais marcantes foram sem dúvidas são o Dicionário Português-Polonês com 600 páginas, em 1922, e o Dicionário Polonês-Português com 800 páginas, em 1930. Também publicou várias edições do Catecismo da Religião Católica, além da História da Bíblia, ambos em polonês no ano de 1935.

Destacou-se também pelos conhecimentos da imigração polonesa e era perito em estatísticas, relatórios e pesquisas. Homem de cultura, de trabalho incansável e de uma grande erudição. Com os seus artigos nos jornais e revistas do Paraná apontava os erros e falsidades, fazendo a crítica fundamentada, sendo por isso muito atacado pelos adversários da verdade e da retidão.

Durante a sua vida, foi reunindo materiais para o Arquivo da Polonidade, livros, publicações, documentos etc, tendo deixado muitos escritos, como estatísticas e observações em um pequeno “PAMIETNIK-MEMÓRIAS”, sendo considerado o criador do hoje riquíssimo acervo cultural da Província Vicentina dos Padres da Congregação da Missão, com mais de 60.000 mil volumes e objetos, o qual se encontra sob a curadoria do patrimônio cultural vivo, Padre Lourenço Biernaski.

Padre José Joaquim Góral, que faleceu dia 14 de julho de 1959, na casa paroquial do Abranches, recebeu a justa homenagem da comunidade recebendo a rua lateral oeste da Igreja Matriz, entre esta e o Colégio Vicentino São José, o seu nome por ocasião das comemorações do Centenário da Imigração Polonesa no Bairro Abranches em 1973. Seus restos mortais descansam no jazigo da Congregação da Missão no Cemitério Paroquial de Abranches.

Durante os últimos meses de 1951 a Paróquia Sant’Ana foi administrada pelo Padre Edmundo Pinocy e dia 01 de janeiro de 1952 assume como pároco de Abranches o Pe. João Piton que administra a paróquia até dia 20 de janeiro de 1957. Neste quinquênio sob a liderança do Pe. Piton se construiu a atual Casa Paroquial com salas para catequese e reuniões, um Posto de Puericultura, organização de Assistência Médica através da paróquia e urbanizou a Praça Sant’Ana defronte à Igreja Matriz. Neste período administrativo a paróquia contou com um padre cooperador, o Pe. José Kielczewski.

Em 20 de janeiro de 1957, com missa solene às 8h, toma posse como novo administrador paroquial o novo vigário, Pe. Bronislau Koslowski que deu continuidade nos investimentos em imóveis para melhor atender às necessidades da paróquia, como serviço de água encanada na sacristia, muro de arrimo no terreno do salão paroquial e da nova casa canônica, dando início das instalações para barracas de festa etc.

Para ampliar ainda mais o espaço na igreja foi construído neste período o batistério e escada de acesso ao coro, nas laterais da torre, criando um átrio na entrada do templo em 1959. Entre o final de 1959 e início de 1960 foi colocada definitivamente a pia batismal no seu lugar e aplicado o revestimento de piso e ladrilhos nas naves e sob a torre. O maior marco da gestão pastoral do Pe. Koslowski foi a construção da Igreja do Bairro Barreirinha, então capela da Paróquia do Abranches, no período de 1956 a 1962.

A Associação das Senhoras de Caridade foi criada oficialmente dia 24 de junho de 1962 com a senhora Maria Brenny na presidência e senhora Pelagia Kozien na vice. Atualmente esta associação tem a denominação de A.I.C e continua desenvolvendo um trabalho muito eficiente de socorro aos necessitados.

Padre Bronislau deixou a administração paroquial dia 14 de novembro de 1962 e após uma vacância de cinco meses, dia 28 de abril de 1963 assumiu o novo pároco, Padre José Kotlinski que fica à frente da paróquia até 25 de dezembro de 1964.

Durante a festa de Sant’Ana de 1964, após a missa solene dia 26 de julho, celebrada pelo então Monsenhor Pedro Fedalto foi feita a primeira procissão motorizada com as imagens de São Cristóvão e Sant’Ana com o formato que ainda perdura.

O Padre Wendelin Swierczeck toma posse na administração paroquial dia 25 de dezembro de 1964 e a transfere ao Padre Alfonso Paszkiewzki dia 18 de junho de 1965, e este transfere o pastoreio dia 07 de setembro de 1966 assumindo o Padre Sigismundo Heczeck.

Dia 21 de janeiro de 1968 o Padre Sigismundo Pietrowski assume como novo Pároco da Igreja Sant’Ana de Abranches e suas Capelas.

Fontes de consulta: Jornal Comemorativo do 1º Centenário da Igreja Matriz. Quem foram, O que fizeram, Esses Missionários … (Pe. Lourenço Biernaski). Jornais, A República e Diário do Paraná.

Colaboração: Volnei Lopes da Silva.

One thought on “FRAGMENTOS DA HISTORIA DA COLÔNIA ABRANCHES VI

  1. Que massa a iniciativa!! Continuem contando um pouco mais da nossa história!!
    Fico feliz e surpreso em ver o nome de minha bisavó na matéria (Palagia Kozien).
    Vou consultar sempre novas notícias aqui, sou super curioso e busco reunir dados sobre meus ancestrais

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