O Padre Leão Niebieszczenski, austríaco, da Congregação do Verbo Divino, ou Verbitas, como se os
conhece popularmente, assume a capelania curada das Colônias Abranches, Santa Cândida, Lamenha Lins, Santa Gabriela e Pilarzinho, em 1896 e logo sente a necessidade de se criar uma escola que ensine as crianças das colônias polacas da região na sua própria língua, além da formação religiosa e qualificação profissional aos pequenos.
Por sua vez, o polaco do Distrito da Nova Polska, atual Campo Comprido, comerciante e alferes,
José Preiss, compra o armazém e propriedades do seu irmão Thomaz na Colônia Abranches, em 1901 e
passa a fazer parte ativa da vida social e religiosa da colônia, se tornando logo um dos melhores amigos e parceiro nos projetos, do Padre Leão.
Quando em 1904, o Padre Leão Niebieszczenski concluiu os contatos com as Irmãs de Caridade da
Congregação da Missão, as irmãs vicentinas, na Polônia, para que estas viessem criar a escola de língua
polaca e se ocupassem da doutrina das crianças nas colônias, teve no “paroquiano” José Preiss, o suporte financeiro e prestígio público, tendo este inclusive doado ao projeto uma propriedade sua na Rua América, 28, atual Trajano Reis, que rendeu 6:000$000 (seis contos de reis, ou seis milhões como se diria hoje), através da venda de rifas que correram pela loteria, os quais foram usados integralmente para a construção da primeira residência e colégio das irmãs.
Os jornais noticiavam no dia 02 de maio de 1904 a bênção da pedra fundamental da nova escola,
que acontecera no dia anterior, um domingo, logo após a missa matutina, com a presença de várias
autoridades, entre elas o sr. Bertoni, Cônsul da Áustria, Doutor Leão Bieleki, redator da Gazeta Polska, e o
Coronel Brazilino Moura.
Com a presença das três primeiras irmãs, Ludovica Olsztynska, Leocádia Suchoswiat e Natália
Zietak, que ao chegarem da Polônia se hospedaram na residência do senhor José Preiss, benemérito maior da escola, os trabalhos andaram rápido. Finalmente domingo, dia 30 de novembro de 1904, após a missa das 9h30, celebrada pelo Padre Leão Niebieszczenski, é inaugurada a Skola Polska P.S.D. Weszwaniem Sw. Josefa, que em tradução livre seria Escola Polaca Cultural e Corte e Costura São José. Sobre a qualificação profissional dos descendentes de imigrantes, somos testemunha, na qualidade de pesquisador, por termos encontrado vários entrevistados, pessoas avançadas na idade que nos confirmaram terem aprendido corte e costura, culinária e outros ofícios domésticos na Escola Polaca e terem os seus préstimos disputados pelas famílias mais abastadas da cidade, como Oliveira Franco, Leão, Fontana e outras.
A primeira diretora foi a Irmã Ludovica Olsztynska e como a Escola acabou se responsabilizando
pelo atendimento ambulatorial, farmácia de manipulação, atividades curriculares normais e com internato para crianças de ambos os sexos, logo foi solicitado o reforço de mais irmãs que chegaram em outros dois grupos ainda nos anos iniciais.
A Colônia Abranches passou então a contar com duas escolas, sendo uma particular, a Escola São
José, e outra pública, também para ambos os sexos, naquele tempo se dizia promíscua quando atendia
meninos e meninas, a qual servia às Colônias Abranches e Pilarzinho. Esta, em 1974 acabou sendo batizada de Escola Estadual Sebastião Saporski, em que pese não termos encontrado nenhum, mas nenhum mesmo, registro que o homenageado sequer tenha pisado na Colônia Abranches em qualquer festa de igreja, escolar ou cívica, após ganhar a sede definitiva no atual Bairro Taboão que era parte física
integrante da colônia.
As décadas foram se sucedendo, a escola polaca foi se adaptando às mudanças como a partir de
1917 quando precisou usar também a língua vernácula no ensino, por decreto governamental e até que
em 1938, também por decreto federal deixou de ensinar na língua polaca.
Em compensação, graças à organização dos diversos grupos administrativos das irmãs da
Congregação de São Vicente de Paulo, que se sucederam na direção, e a sábia escolha do corpo docente, o número de alunos foi sempre crescendo, as ampliações do espaço físico também, sempre foi-se construindo mais um bloco de salas de aula, melhoramentos em outros, até que em 1950 se chegou ao atual formato do prédio principal.
Tudo ia bem no então Instituto São José na década de 60 do século passado, até que na madrugada
do dia 29 de julho de 1966, uma sexta-feira, irrompe um devastador incêndio nas instalações do internato, onde moravam uma centena de menores do Instituto de Assistência e nove irmãs responsáveis diretas pela administração do mesmo. O incêndio, que a princípio chegou-se a comentar que teria sido um ato criminoso, terrorista etc, conforme palavras da irmã diretora, Salomé de Soer, pelo momento político conturbado que passava o país, ao final do inquérito instaurado, se verificou que foi um curto circuito provocado por um raio nas instalações elétricas, distribuídas pelas estruturas de madeira das paredes divisórias internas. Como consequência, as famílias do entorno acolheram os menores e as irmãs em suas residências, até que novamente se construísse o prédio, agora todo em alvenaria de tijolos e concreto,com modernos materias, passando novamente a albergar as crianças do internato e novas salas de aula mais cômodas.
Após 100 anos da fundação da escola, o já denominado Colégio Vicentino São José, que forma seres
humanos desde a tenra idade, no chamado Nível 2, e vai até a 3ª Série do Ensino Médio, possuindo amplos laboratórios de ciências e informática, além de completas instalações esportivas, chega em 2023 com ensino de excelência, sendo o orgulho do bairro e região onde vive a população do seu corpo discente.
Para comemorar o encerramento do ano letivo 2022 e o mês de fundação da Instituição, já se
tornou tradição, nos meses de novembro, o Colégio Vicentino São José, promove uma exposição
denominada Moviarte, envolvendo a direção, coordenações pedagógicas, corpos docente e discente, além dos colaboradores, onde todos os alunos são estimulados a escolherem temas do seu currículo e
desenvolverem-nos apresentando em um final de semana como uma grande exposição interativa.
Nós, da Gazeta do Abranches, não poderíamos deixar de conhecer pessoalmente este trabalho
exuberante do nosso Colégio e fomos percorrer as diversas salas onde acontecia a exposição, nos dias 04 e 05 de novembro último, tendo a oportunidade de interagir com os jovens produtores dos painéis e seus coordenadores, podendo sentir a riqueza dos trabalhos.
Na 11ª edição da Moviarte, dias 04 e 05 de novembro de 2022, foram estes os projetos
apresentados e professores envolvidos:
Nível 2: Professoras Paloma e Millena. Projeto: a chegada da “Família Real”; Nível 3B: Professoras
Lorena e Gabrielly. Projeto: “Os Imigrantes”; Nível 3C: Professoras Stephany e Marinês. Projeto:
“Proclamação da República”; Nível 4B: Professoras Milena e Bruna. Projeto: “O Samba”; Nível 4C:
Professoras Lara e Angela. Projeto: “A Capoeira”; Nível 5B: Professoras Danielle e Jeniffer. Projeto:
“Semana de Arte Moderna”; Nível 5C: Professoras Bruna e Jeniffer. Projeto: “Brasil o País do Futebol”.
1º Ano B e C: Professores Yuli, Jucyara, Victor e Bruna. Projeto: “Tem indígena na terra do pinhão”,
componentes curriculares: português, história, geografia, ciências e artes; 2º Ano A e B: Professoras Ellen,
Amanda e Sara. Projeto: “O imigrante na casa Brasil”, componentes curriculares: português, história,
geografia, ciências, artes e inglês; 3º Ano A e B: Professores Alini, Claudini, Victor e Gustavo. Projeto:
“Entre Cactos e cordéis”, componentes curriculares: português, história, geografia, ciências, artes e musicalização; 4º Ano A e B: Professores Mayara, Vania, Gerson e Gustavo. Projeto: “Cultura indígena,
especiarias, escambo e brincadeira”, componentes curriculares: português, história, geografia, ciências,
arte e educação física; 5º Ano A e B: Professoras Elizabete e Karen. Projeto: “Comendo e bebendo com a
realeza”, componentes curriculares: português, história, geografia, ciências e arte.
Contraturno Integral: Professoras Stefani, Isabel e Irmã Ludmila. Projeto: “Fatos e fotos do
Bicentenário”, componentes curriculares: português, história, geografia, ciências e artes; 6º Ano A e B:
Professoras Nelci e Deise. Projeto: “Semana de arte moderna, os grandes pintores brasileiros”,
componentes curriculares: matemática, português e oficina de redação e literatura; 7º Ano A e B:
Professores Adriano, Carolina e Lucirene. Projeto: “Semana de arte moderna, escolas literárias”,
componentes curriculares: geografia, ensino religioso e educação física; 8º Ano A e B: Professores Thyago, Betty e Consuelo. Projeto: “Sarau literário, literatura e poesia”, componentes curriculares: filosofia, educação física e história; 9º Ano A e B: Professoras Renata, Clarisse e Gislene. Projeto: “Era Vargas, a voz do Brasil forçada”, componentes curriculares: português, ciências e artes.
1ª Série Ensino Médio A: Professores Denilso e Alailson. Projeto: “Bicentenário da Independência,
ícones da história e da cultura do Brasil”, componentes curriculares: matemática e filosofia; 1ª Série EM B: Professores Paulo e Marcelo. Projeto: “A evolução da moeda brasileira, história do dinheiro desde os
tempos do Império”, componentes curriculares: matemática e física; 2ª Série EM A e B: Professores Daniel, Bruna, Caio e Daiana. Projeto: “Realidades brasileiras por meio da música, obras de arte em forma de som”, componentes curriculares: química, geografia, espanhol e inglês; 3ª Série EM A: Professoras Rosana e Wanessa. Projeto: “As mulheres do bicentenário, mulheres inspiradoras que revolucionaram o Brasil”, componentes curriculares: português, literatura, produção de texto e biologia.
Conseguimos também uma profícua entrevista com membros da coordenação do evento que
representaram o corpo docente do Colégio, para entendermos melhor a dinâmica deste trabalho,
conversando com a secretária, Irmã Jocelia Chuproski, Coordenadora Pedagógica, Professora Simone do
Rocio Pucovski Gianesini, Orientadora Educacional, Professora Evelin Baranhuk, Assessora de Imprensa
Yasmin de Brito Soares e com o Professor de História, Thiago Moreira.
Atualmente o Colégio Vicentino São José, na parte humana, além dos membros já citados no
parágrafo anterior, é composto pela irmã Leonides Selhorst, diretora, e Irmãs Edvirge Franceschi,
Rosangela Aparecida Aluiz e Ludmila Gonçalves como colaboradoras diretas.
O corpo docente é composto por 46 professores, seis auxiliares e 38 colaboradores administrativos
e manutenção, enquanto o corpo discente conta com 700 alunos aproximadamente da Educação Infantil C 2 anos ao Ensino Médio completo.
Colaboração: Volnei Lopes da Silva, historiador.
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